Fitzgerald foi um autor da geração perdida. Americano, vindo de família católica, e veterano na Primeira Guerra Mundial. Seus livros trabalham com ambientações da época em que viveu. Morreu nos anos 40 decorrente do alcoolismo.
Apesar de ser um livro calmo e até um tanto lírico, a obra trabalha com temas psicológicos humanos, principalmente sobre o passado de uma pessoa, e a forma como aquilo pode acarretar conseqüências em sua vida, assim como também é importante formador de personalidade. O enredo baseia-se em três personagens de classe financeira alta, e que se mostram para terceiros como possuindo uma vida absolutamente feliz e perfeita, Dick, um médico psiquiatra bem sucedido, Nicole, sua esposa que possui problemas psicológicos (que é algo escondido pelo casal, a fim de parecerem realmente felizes a terceiros) e Rosemary, uma jovem atriz de cinema hollywoodiana. Juntos, os três personagens formam um triângulo amoroso. O livro também possui várias histórias paralelas, mas todas de alguma forma acabam se ligando com o enredo principal. Em primeira instância parece ser um livro de história meio boba, mas com a leitura vemos que Fitzgerald trabalha profundamente com temas como o alcoolismo, depravação do homem, psicanálise, atordoamentos emocionais e psicológicos, solidão, adultérios. É um texto que demora para sacarmos realmente qual é da história, e em muitos trechos pode ser até uma leitura entediante, pois os primeiros capítulos são bastante confusos. Isso é proposital de Fitzgerald, pois com o decorrer das páginas são feitas revelações sórdidas e cheias de segredo a respeito da história passada de cada personagem, e assim percebemos (ou ao menos entendemos) o motivo de seus atos atuais, e para um leitor mais observador e astuto, é possível prever até um pouco de seus atos futuros.
Suave é a Noite é uma exploração emocional e psicológica sobre como relações humanas são temporais, assim a desgastante vida de seus personagens na década de 1920. Junto com O Grande Gatsby, é a maior obra do autor.
Sei que o trecho que vou deixar é um tanto quanto longo, porém eu acho que sintetiza bastante sobre o que Fitzgerald trabalhou neste texto.
“Quando ele se sentou na beira da cama, sentiu o quarto, a casa e a noite vazios. No quarto ao lado, Nicole murmurou algo desolada e ele lamentou qualquer que fosse o tipo de solidão que ela sentia em seu sono. Para ele, o tempo permanecia imóvel e então, após alguns anos, aceleravam-se precipitadamente como o rápido rebobinar de um filme, mas para Nicole, os anos esvaíam-se pelo relógio, calendário e aniversário, somados à agonia de sua beleza perecível.Mesmo o último ano e meio em Zugersee parecia tempo perdido para ela, as estações marcadas apenas pelos trabalhadores na estrada que se tornavam rosados em maio, marrons em julho, negros em setembro, brancos outra vez na primavera. Ela emergiu de sua primeira enfermidade cheia de novas esperanças, desejando muito, porém, privada de qualquer subsistência além de Dick, criando filhos que apenas podia fingir amar gentilmente, órfãos orientados. As pessoas de que gostava, a maioria rebeldes, perturbavam-na e eram-lhe nocivas – ela procurava nelas a vitalidade que as tornava independentes ou criativas ou rudes, procurava em vão – pois seus segredos estavam profundamente enterrados em conflitos de infância que elas tinham esquecido. Elas estavam mais interessadas na harmonia e charme exteriores de Nicole, a outra face de sua enfermidade. Ela levava uma vida solitária possuindo Dick que não desejava ser possuído.Muitas vezes ele tentou sem sucesso relaxar sua influência sobre ela. Eles tinham muitos bons momentos juntos, agradáveis conversas entre as paixões das noites insones, mas quando ele se afastava e mergulhava em si mesmo, ele a deixava agarrada ao Vazio que contemplava em suas mãos, ao qual dava vários nomes, mas que ela sabia ser apenas a esperança de que ele logo retornaria.”
Indicação do Luiz A. Jr.
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