segunda-feira, 3 de dezembro de 2012

O Velho e o Mar - Ernest Hemingway


Ernest Hemingway. Cuba. 1952 e o Velho e o Mar. Estava pronta a obra que consagraria o autor ao Nobel e um livro amplamente apontado como o causador de uma nostalgia de “não-sei-de-quê”. 

Santiago era um dos pescadores mais experientes já conhecidos no Golfo, mas estava numa maré de azar e aqueles que já não se lembravam dos seus velhos tempos áureos o classificavam-no um salao, isto é, um azarento da pior espécie. Haviam se passado 84 dias desde que ele trouxera o último peixe e por esta razão ele perde seu pequeno companheiro, o menino Manolín, cujos pais não o querem ver no mesmo barco que Santiago.

Mas,

“Tudo o que nele existia era velho, com exceção dos olhos que eram da cor do mar, alegres e indomáveis”.

No 85º dia, Santiago é surpreendido por um peixe enorme, descomunal, como nunca ele viu antes em sua vida de pescador. É um espadarte (ou peixe-espada) e na luta pela sua captura o Velho e o Peixe se encontrarão e trarão as mais impactantes reflexões.

Da vida do Velho à morte do Peixe, Hemingway consegue criar um dos melhores diálogos de consciência já testemunhados pela literatura e consegue criar tal introspecção que é impossível não colocar o Velho e o Peixe de lado e pensar nas nossas próprias mãos rasgando, no tempo que passa numa velocidade sufocante e na luta que travamos com nosso próprio Peixe, que nada mais é do o passaporte para o conhecimento de si mesmo. O Velho quer matar o Peixe – e queremos expulsar nossos conflitos e vencê-los – mas é impossível não amar o Peixe e não se auto-reconhecer nos nossos obstáculos.

Nostalgia de não-sei-quê não tem explicação. Recomendo uma edição e um cheiro de livro tão velhos quanto o próprio Santiago.

“ –Mas o homem não foi feito para a derrota, disse em voz alta. Um homem pode ser destruído, mas nunca derrotado.“Tenho pena de ter morto o peixe”, pensou o velho. “Agora é que vai ser pior e nem sequer tenho um arpão. O dentuso é cruel e habilidoso, forte e inteligente. Mas eu fui mais inteligente do que ele. Talvez não”, pensou. “Talvez fosse só por estar mais bem armado.”-Não pensei mais, meu velho, murmurou. Continue a navegar nesta direção e aceite o que lhe aparecer pela frente.“Mas eu preciso pensar”, refletiu o velho. “É tudo que me resta. Pensar [...]””

See ya todos vocês.


Indicação da Amanda.

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