segunda-feira, 26 de novembro de 2012

Minha Vida - Charles Chaplin


História interessante, a minha com esse livro. Eu o surrupiei numa bela tarde depois do almoço na casa do meu avô, na paradisíaca biblioteca do seu apartamento; embora eu compartilhe aquele espaço com meu avô, puxar o livro da estante sem avisá-lo não é algo que me é muito particular. No entanto, eu o fiz e enfiei na mochila o melhor testemunho de vida e arte que já tive o prazer de conhecer.

Minha Vida é a autobiografia de Charlie Chaplin, para o qual eu realmente não dava muita importância antes de lê-lo. Digo “lê-lo” na pretensão de ter lido Chaplin através de Minha Vida, tão contundente é sua biografia. Não é um livro grande (certamente menor que Harry Potter e a Ordem da Fênix, por exemplo) e é de fácil e viciante leitura, livro que, aliás, eu recomendo a você que gostaria de se aventurar no gênero biográfico.

Sir Charles Spencer Chaplin, pra você que não o conhece, é bem mais que o ícone cult que talvez você possa ter aí na sua camiseta ou na sua agenda. Chaplin foi um ator, diretor, comediante e dançarino que acordou uma bela manhã e se tornou um dos pais do cinema, ícone do cinema mudo e da comédia pastelão. A extensão e influência de sua obra cinematográfica são vistas até hoje e Chaplin é aclamado como um ícone humano da história registrada da humanidade. Imortalizado na figura do The Tramp, Carlitos ou O Vagabundo com a bengala inquieta, o bigode à escovinha e o fraque puído, Charles nasceu em Londres em 1988, filho de pais que já trabalhavam no teatro. Enfrentou na infância a miséria e o consequente enlouquecimento de sua mãe para depois apenas se tornar um dos homens mais ricos da América num mundo devastado pela crise de 1929.

O livro cobre sua vida do início até o sossegado (e parcialmente) auto-imposto exílio na Suíça, período em que sua saúde já declinava. Eu mesma, que não me interessava completamente pela obra cinematográfica de Chaplin, ao ler o livro e conhecer como funcionou a criação e vida artística de Charlie Chaplin tive um surto cinematográfico dos mais gostosos e saí na caça de sua filmografia completa (orgulhosos 81 filmes e 35gb, faltando apenas alguns filmes que se perderam). O gênio é apaixonante, a obra incrível e o livro, o livro é um relato e um abraço de um dos grandes gênios da comédia feito de suas perfeições e imperfeições, feito de alegria e de depressão na mesma moeda.

Não cabe contar aqui a história do livro – a história de Chaplin – mas cabe frisar entusiasticamente quão facilmente Chaplin é capaz de ganhar a qualquer pessoa de qualquer idade, num simples calhamaço de folhas e filmes em preto e branco.

Segue um trecho em que Chaplin fala da produção de O Garoto, um de seus filmes mais notórios e emocionantes estrelado com o então garoto Jackie Coogan:

“Havia uma cena em que eu queria que Jackie chorasse, quando dois funcionários da Assistência aos Menores o vinham arrancar da minha companhia. Eu lhe contei toda a sorte de histórias comoventes, mas Jackie continuava alegre e cheio de picardia. Depois de uma horade tentativas baldadas, seu pai me disse:- Eu o farei chorar.- Não vá me assustar o menino, nem bater nele – observei, com sentimento de culpa.- Oh, não, não – disse o pai.Jackie estava com o espírito tão jovial que eu não tive coragem de acompanhar a intervenção de seu pai e, por isso, fui para o meu camarim. Alguns momentos depois ouvi o choro e os gritos de Jackie.- Ele está pronto – disse o pai.Era a cena em que eu tomava o menino dos funcionários da Assistência aos Menores e, enquanto ele chorava, eu o abraçava e beijava. Quando a cena terminou, perguntei ao pai:- Como você o fez chorar?- Apenas dizendo que, se ele não chorasse, os funcionários o levariam, de verdade, para o Asilo de Menores…Voltei-me para Jackie, tomei-o nos meus braços e consolei-o. Suas bochechas ainda estavam banhadas de lágrimas.- Eles não vão levar você – disse-lhe eu.”

Minha Vida ganhou uma adaptação para o cinema em 1992 chamada criativamente de “Chaplin”, em que Robert Downey Jr. vive Chaplin de maneira brilhante e comovente – aliás, um filme que eu particularmente adoro por trazer a magia dos bastidores de Chaplin para o colorido e para a vida nas telas e é por isso que nós dedicamos esse post ao pessoal do Cinedicas, que sempre tem as melhores indicações de filmes! (http://www.facebook.com/cinemadicas)


See ya!

Indicação da Amanda

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