Quem realmente somos nós por natureza? O que é o nosso interior? É realmente possível atingir a capidade de compreensão própria completa?
A procura pelo eu. O simples, enigmático e (quase) utópico, eu.
Talvez esta seja uma maneira um pouco estranha de iniciar uma resenha. Mas não acho que consiga fazer algo diferente. É Hermann Hesse.
Sidarta é um ser humano vivendo pelo espiritualidade. Buscando sensações e nunca mostra-se satisfeito com o que encontra. Pra ele, há sempre algo mais.
Filho de família tradicional (brahmere), Sidarta sempre estudou em escolas religiosas, ao crescer, insatisfeito com o que a sua vida atual o oferecia, e querendo buscar cada vez mais o seu eu interior, distanciando-se de coisas externas, Sidarta, junto com seu amigo Govinda, despede-se de seus pais para seguir com um grupo de Samanas, assim, buscar conhecimento necessário com estes.
Tratam-se Samanas aqueles que tem objetivo de vida de tornar-se vazio. Vazio ao ponto máximo de exterminar-se de si mesmo. Bens materais, felicidade, beleza... tudo era ilusão. Apenas falsidade. Algo criado por nós mesmos. Seu lema era: "Pensar, esperar e jejuar".
Após um período de tempo com os Samanas, Sidarta ouve falar que está nas redondezas um ser que é dito como "perfeito". Aquele que alcançou o absoluto, o inefável. Este ser trata-se de Gotama, o Buda. Assim, Govinda e Sidarta partem atrás deste ser, e ouvem sua doutrina. Govinda une-se aos discípulos de Buda, porém, Buda não agrada Sidarta ao todo. Apesar deste afirmar que gostou bastante da doutrina de Gotama, Sidarta afirma que o conhecimento não pode ser mostrado por doutrinas, e sim apenas por expereriências, pois apenas palavras não destroem o Ego.
Desta forma Sidarta resolve deixar sua vida de Samana e seu amigo Govinda, para adentrar no mundo sem procurar ideais alguns. Deixa-se entrar aos desejos como dinheiro, jogos, e sexualidade. Conhece até uma mulher, Kamali, com quem vivência as maiores experiências deste período de sua vida.
Após um certo tempo, Sidarta percebe que não encontrou a satisfação de sua vida. Assim como também percebe que ele não estava ali, naquele mundo perdido, nunca esteve. Quem realmente esteve ali fora seu ego. Seu ego que desejava bens materiais e banais. Desta forma, Sidarta renuncia a esta vida, e parte da cidade, deixando tudo e todos para trás. E recomeça a sua busca por sua satisfação da alma. Pela fuga de si mesmo. Do seu ego. Em busca da completa iluminação, da plenitude espiritual e mental. Sidarta inicia mais uma trajetória, e desenrolam-se vários paradigmas do livro. A cada momento, há sempre algo mais. Mais brando, mais claro, mais complexo e compreensível.
É difícil comentar sobre este livro. Trata-se de uma obra pessol. Sidarta é uma história de construção do homem. A busca pela satisfação da alma. Pelo completo eu. O livro foi escrito durante passagem de Hermann Hesse pela Índia, então, fora bastante influenciado por preceitos do hinduísmo.
É um dos livros mais importantes que já li. Te faz repensar sobre vocês mesmo. Até onde o seu ego te leva? A sua moral? Do que, na verdade, você é formado?
Apesar de ser um livro que trata de assunto complexos, a leitura é de fácil compreensão. Tenho certeza que todos terão facilidade para seu entendimento.
“Quando alguém procura muito pode facilmente acontecer que seus olhos se concentrem exclusivamente no objeto procurado e que ele fique incapaz de achar o que quer que seja, tornando-se inacessível a tudo e a qualquer coisa porque sempre só pensa naquele objeto, e porque tem uma meta, que o obceca inteiramente. Procurar significa: ter uma meta. Mas achar significa: estar livre, abrir-se a tudo, não ter meta alguma. Pode ser que no afã de te aproximares da tua meta, não enxergas certas coisas que se encontram bem perto dos teus olhos.”
Indicação do Luiz A. Jr.
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