James Joyce é sem dúvidas um dos escritores mais influentes do século XX. Considerado como escritor do movimento Modernista, Joyce influenciou uma porrada de autores posteriores, desde caras da geração perdida, como até diversos escritores da própria geração beat. Um deles, por exemplo, Jack Keuroac, autor de On The Road. Sua escrita é muito influenciada pela Irlanda em si, país onde nasceu. Joyce costuma retratar personagens e costumes morais e políticos cotidianos. Suas obras de maior sucesso foram Ulisses, Retrato de Artista Quando Jovem, e o próprio Dublinenses, do qual vou falar um pouco aqui.
Dublinenses possui um nome auto explicativo. São 15 contos retratando “a gente de Dublin”. É isso mesmo. São contos curtos, alguns em primeira instância parecendo até triviais, mas todos os contos possuem no fundo algo bastante profundo, pois todos eles trabalham com as raízes da Irlanda, de sua população, de seus costumes morais, éticos, religiosos e políticos de toda aquela época. A intenção do livro é passar essas ideais enraizadas na Irlanda pela ótica de alguém que a vivencia. Um cidadão comum qualquer. Joyce é conhecido por transmitir uma ideia de epifania em seus contos, que é onde um personagem é iluminado, ou qualquer coisa do tipo, digo, reflete sobre o seu auto entendimento, ou o entendimento da situação de uma forma clara. Aquilo que era obscuro, ou talvez pouco enxergado pelo personagem, volta-se à ele de uma forma quase perturbadora e assustadora. É neste momento que Joyce trabalha com os conflitos que uma cultura ou a ideia de uma identidade nacional pode gerar em sua população, e tudo isto descrito da forma mais natural possível, e quase imperceptível. Se você preferir, após ler um conto, uma pesquisa (seja na internet ou onde preferir) para entender qual é o verdadeiro poço daquela história, é sempre válida, mas tentarmos descobrir “a moral da história” por nós mesmos, e sempre uma sensação admirável que os livros podem nos trazer.
Dublinenses foi o segundo livro de James Joyce, e foi publicado quando este tinha apenas 23 anos. É sem dúvidas um dos maiores clássicos da literatura do séc XX. E é difícil não se sentir um cidadão de Dublin enquanto mergulha nesta viagem.
Deixo aqui um trecho do conto: Um Caso Doloroso
“Quando o partido se dividiu em três facções, cada qual ficou com seu líder e seu sótão. As teses dos operários, disse ele, eram tímidas demais e exagerado o interesse que mostravam pela questão dos salários. Percebera que eram realistas empedernidos e que lhes faltava o rigor do pensamento resultante de um ócio fora do alcance deles. Por alguns séculos ainda, acrescentou, nenhuma revolução social perturbaria Dublin.Ela perguntou-lhe por que não escrevia seus pensamentos. Para quê, respondeu Duffy, com desprezo cauteloso. Para competir com os fazedores de frases, incapazes de pensar com coerência durante sessenta segundos? Para submeter-se às críticas de uma classe média obtusa, que entrega sua moral aos cuidados da polícia e sua arte aos empresários?”
Antes de encerrar, hoje a Posso te indicar um livro? atingiu a marca de 1.000 likes. Gostaria de agradecer a vocês por isto. Obrigado, pessoal!
Indicação do Luiz A. Jr.
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