domingo, 21 de outubro de 2012

Um Estranho No Ninho - Ken Kesey


“...one flew east, one flew west,
One flew over the cuckoo’s nest”

Um Estranho no ninho

O Cuco, que é uma ave parasita, tem seu ovo parecido com os de outras espécies, o que faz com que, depois que sua mãe o bota, em um ninho de outro espécie, o filhote seja assistido por uma mãe adotiva. O Cuco nasce já como um estranho no ninho e vem daí a explicação para a tradução do original em inglês “One Flew Over the Cuckoo’s nest” para “Um Estranho no Ninho”. O titulo do original faz alusão a uma popular cantiga de roda.
Mas sobre o que de fato é esse livro? Todo narrado em 1º Pessoa, “Um Estranho no Ninho” é um livro sobre Randle Patrick McMurphy, o “Cuco” do titulo, que, preso por violentar uma jovem,decide fingir que está louco, de forma de não acabar indo parar na cadeia e acaba num hospital psiquiátrico. A presença de McMurphy no hospital desestrutura o local, que é mantido com mão de ferro pela enfermeira metódica Mildred Ratched. Aos poucos o rebelde e fanfarrão McMurphy domina o local e de todas as formas começa a tentar ruir o império da chefona Ratched, que detém o respeito de todos os demais pacientes do hospital. 
E é aqui que entra o grande embate da história. McMurphy, entra no hospital, se infiltra entre os pacientes, e os domina, torna-se um líder daquele grupo e só tem a seu favor sua vontade indomável. É obvio que o crescimento do personagem, preocupa aquela enfermeira que quer tudo a seu modo e tem a seu favor toda a força do hospital, e a persuasão que tem com os outros médicos, sendo por vezes mais importantes que eles. Isso pode ser colocado num contexto de sociedade. A enfermeira, que é o órgão superior de alguma sociedade, "o sistema". Quem vai contra ele (McMurphy) vai encontrar todos os tipos de obstáculos possíveis. Existe uma ordem vigente, quando alguém quebra essa ordem vigente (o diferente), das duas uma: ou ele será seguido como exemplo, ou será taxado de maluco, e é aqui que o livro faz toda a sua critica a uma sociedade como a nossa que a cada mais rejeita o diferente.

A grande sacada do autor Ken Kesey, é a maneira que ele conta essa história, O “Chefe” é o testemunho da chegada de McMurphy ao hospital, e é o Chefe, um índio surdo-mudo que nos dá o seu testemunho sobre como a chegada do “Estranho” modifica a rotina do hospital.O livro é feliz em sua discussão central porque o estranho a que ele se refere não é só McMurphy, e sim todos os demais personagens do livro, incluindo o Chefe que, através do seu testemunho pessoal que faz refletir sobre nós mesmos.

"Tenho vontade de folhear um dos livros, mas tenho medo. Estou com medo de fazer qualquer coisa. Sinto-me como se estivesse flutuando no ar amarelo, empoeirado, da biblioteca, a meio caminho do fundo, a meio caminho do topo. As fileiras de livros, oscilam acima de mim, ziguezagueando loucamente, correndo em todos os ângulos diferentes, de um para outro. Uma prateleira de livros se inclina um pouco à esquerda, outra para a direita. Algumas delas se estão inclinando sobre mim, e não sei como os livros não caem. Vão subindo, subindo, até que se perdem de vista, as estantes de livros, em perigo de desmoronar, presas com ripas e pedaços de madeira, levantadas por bastões, encostadas em escadas, por todos os lados em volta de mim. Se eu tirasse um livro, Deus sabe que coisa terrível poderia acontecer."

Indicação do Aion.

[nos perderemos entre monstros, da nossa própria criação]

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