Leia antes a minha indicação do
primeiro livro de Gregorio Duvivier aqui: http://goo.gl/7YkqHN
Li o segundo livro de poesia da
minha vida. E novamente, é de Gregorio Duvivier. Sua segunda obra ficou
badalada nas interwebs graças ao sucesso do autor no canal Porta dos Fundos (do
qual sou fã) – diferente da primeira, mais underground, introspectiva.
A diferença entre a popularidade
das duas obras também expõe um novo viés igualmente distinto: o do conteúdo. Se
no antigo livro, Duvivier brincava com o tragicômico com uma poesia agridoce,
triste, mas de sorriso de canto de boca, no novo livro, o autor e roteirista
reúne uma coletânea mais doce, amorosa, de riso um pouco menos doído.
“Ligue os pontos – poemas de amor
e big-bang” tem o seu tom dado já no título e na dedicatória: “Para Clarice, é
claro”. Clarice Falcão (aquela, das músicas fofinhas) é namorada do poeta e
ambos são conhecidos por lidar com o amor de uma maneira cômica e doce. Em
Ligue os pontos, Gregorio desenvolve sua poesia mais amadurecida – tanto no tom
romântico, que procura fugir da retórica pegajosa que se usa normalmente ao
falar de amor, quanto nos próprios elementos que constróem seus poemas.
Um exemplo disso é a abundante
presença de clichês, objetos e situações cotidianas que dão veracidade ao
impensável que está sendo dito. Como no poema a seguir (na página 61):
“se eu fosse um faraó do egito
antigo
não me faria falta o carnaval do
rio
o ipod o iphone o iogurte grego
o mate de galão ou o miojo
de galinha caipira eu viveria
feliz
por meses entre múmias e deuses
com cara de cachorro — ou quase:
a única invenção cuja
inexistência
me obrigaria a tomar o cianureto
mais em voga das maravilhas do
mundo
moderno a única que me faria
falta
é você (e talvez quem sabe o ar
condicionado, mas sobretudo você)”
Mas nem só de amor fala o novo
livro de Duvivier. Também, como no livro anterior, existe a forte presença de
uma memória afetiva – que é importante lembrar, não me diz respeito, porque sou
bem mais nova que Gregorio. Mas se você é da “geração do bug do milênio”,
existe uma grande possibilidade de identificação com a obra de Duvivier, pela
qual eu recomendo fortemente a leitura de sua nova obra – mais madura, mas
menos triste – porque afinal, não é incrível saber exatamente do que o autor
está falando?
Cheers! Fique com uma música de
Clarice Falcão: http://goo.gl/LKr8JE
Indicação da Amanda Barros.
[look at them. they all care so much]
Gregorio Duvivier é ator, roteirista, poeta e sócio do canal Porta dos Fundos. Carioca de 27 anos, atuou no cinema nacional, no teatro e na TV. Tem dois livros publicados: o primeiro, "A partir de amanhã eu juro que a vida vai ser agora", e o segundo, o indicado nesse post. Conheça um pouco de seu trabalho no Porta dos Fundos aqui: http://goo.gl/lHfYTn
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